terça-feira, fevereiro 07, 2006

A arte de conviver com os contrários

Quem não sabe ser malabarista na arte de viver, não vive, apenas é pisado pelas duras vidas que atravessam sua vida. É necessário, saber conviver com os contrários, com àqueles que não têm sensibilidade, por talvez terem passado na vida por momentos duros e não tiveram uma cura interior, nunca souberam perdoar e caminham na vida como espectros, duros sem coração.


Há uma frase célebre que diz os brutos também amam, com certeza amar é uma atitude em cada um, com cada ser acontece de uma forma. Amar universalmente, agapemente de corpo,mente e espírito é uma arte mais difícil. Temos que nos deixar ser lapidados pela luz divina, sempre há aquele escuro quarto em nosso ser, onde ninguém entra, estão lá as mágoas, os complexos, as rejeições acumuladas, as frustrações....é necessário abrir a porta e deixar o Mestre dos mestres agir. Ele é o divã perfeito, pois nos conhece por dentro e por fora, é onisciente. Deparei-me com pessoas amigas estes dias, amáveis e calmas aparentemente, mas com o passar dos anos as traições de seus maridos ou pretensos amados invadiram suas almas e deixaram feridas que nunca foram curadas ou expostas. Eu dizia esta mulher é sábia, não fala, não expõe sua situação, só que àquelas decepções se tornaram um cancer. Quantas pessoas estão amargas pela vida porque não souberam perdoar e transformar suas dores em alegrias com a uncção de Deus.


José do Egito, personagem bíblico, tinha tudo pra não perdoar seus irmãos que o venderam por 20 moedas de prata. Ele inocentemente contou um sonho para seus irmãos, que eles se prostariam diante dele e o sol e as estrelas também. Este enigma foi desvendado, quando José se tornou governador do Egito, exaltado por Faraó que teve um sonho e só ele o interpretou. José passou 13 anos na cadeia por ser injustamente acusado pela mulher de Potifar de tentar estuprá-la. A Bíblia conta que ela o tentou assediar, como ele se negou a trair seu Deus e seu chefe, ela o denunciou, perversamente. Mesmo assim, ultrajado e humilhado, ele não deixava de fazer tudo com eficiência e amor, sendo o melhor na mínima posição que o mundo o colocara como na prisão, até que veio a exaltação.


Muitos de nós , somos ansiosos , queremos as coisas pra ontem, as relações emocionais se fazem em um dia e se acabam em dias também , ou meses. Não há compromisso com o corpo do outro ou com a alma , não há amor de verdade, só satisfação do momento em alguns casos, tudo porque não queremos esperar o momento de Deus e a pessoa certa para nossas vidas. Daí surgem filhos destas relações sem estrutura e mágoas profundas, comprometendo sua vida espiritual para todo o sempre. É vital para quem quer viver um grande amor, a espera pela hora de Deus e o compromisso com o amor verdadeiro, não vale apena viver a pressa das paixões e magoar as pessoas. A arte de amar exige de nós, poesia e prosa, sensibilidade e muita habilidade para lidar com espinhos e rosas.

Tânia Rocha (Para o livro o Doce-Amargo)