terça-feira, agosto 15, 2006

Meu amado e inesquecível, pai!!!!

Esse período comercializado, midiatizado sobre o "Dia dos pais" é nostálgico, apesar desse lado, me tocou muito esses dias, saber que meu pai faria 78 anos, dia 12 de agosto de 2006, e no domingo, as famílias aqui em Brasília, e em todo o Brasil se reuniam para comemorar. Comecei a lembrar da infância sadia que tive, das idas do nosso querido pai ao quarto à noite, ou de madrugada, saber se a luz estava acesa , se os pernilongos estavam nos incomodando, se o ventilador estava ligado, se estávamos tendo algum pesadelo, ou se precisávamos da simples presença dele nos olhando, velando por nós, 3 meninas, Tânia, Telma e Tatiana. Dormíamos juntas até os 18 anos e o Júnior, único filho homem, dormia no quarto ao lado. Nossa vida, como essas pequenas coisas são importantes para uma criança, para termos mais segurança em sair pelo mundo quando adultos, sabendo que tivemos um lar sólido, um pai presente, apesar das tantas viagens que fez ao longo dos anos através de seu trabalho.


Amar um pai pelo que ele é, não pelo que ele dá, sentíamos sua falta, toda vez que voltava sempre com brinquedos, ou na fase de adolescência com estojos de maquiagem e brincos ou presentes mais adultos...era a sua presença que nos alegrava...saber que podíamos ir ao zoológico com ele e minha mãe, ao clube, ao dentista, ao comércio, sempre estava de plantão no colégio na hora da fome...em meu primeiro lançamento de livro, ao abrir a primeira conta no banco, ao primeiro emprego em jornal, a primeira ida à faculdade, enfim levar o primeiro namorado em casa, correr com o primeiro flagra de um beijo, "cabrita entre pra dentro". Nossa a maneira de amar que tenho, devo muito a presença de meus pais, em demonstrar um casamento sólido, com nuances, mas nunca com desfechos, foi primordial para que eu acreditasse muito no amor, em família, na união.


A relação de amor com Deus, é fruto da relação de como você ver seu pai, um pai que protege, que escuta, que brinca, que age, que põe limites que é amado pelo que é, pois sabe da importância de rolar no chão com os filhos, de levá-los ao parque, de mostrar a vida, de dar exemplo de honestidade a vida inteira, de nunca dever a ninguém, de pagar seus impostos, de ajudar seus familiares. Lembro a história de que meu pai, levou minha vó Bela, para São Paulo, meus tios e tias e meu vô, que era durão, por último para quê deixasse o Sertão e fosse galgar novos frutos, novos ares. São Paulo foi abrigo, foi escola, foi amiga, ficou na memória, mas era em Campina Grande que ele encontrara o seu amor verdadeiro, minha mãe que ficou o tempo inteiro, na construção do lar, de seu bem estar....


A saudade é grande, é divina, mas me conformo pois Deus o levou, pois Ataíde Domiciano não rimava com dor, seu lema era a alegria, mesmo quando soube que estava com leucemia em setembro de 2001. A depressão não encontrou pouso, mas Deus lhe deu repouso, depois de um ano e dois meses de luta e resistência, dia 18 de novembro de 2002, depois de muitos abraços, caminhada na praia e consciência tranquila de que havia cumprido sua missão, aceitando Jesus, sua salvação , encontrou repouso, deixando a saudade em nosso rosto...e a lembrança de um pai maravilhoso que nos fazia rir e chorar, que me fez forte para caminhar.


Hoje, com meu Pai caminho sem medo do amanhã, pois sei que sou guiada pela sabedoria dos céus, que sabe e planejou minha vinda e me mostra que só há um caminho: Jesus. Esta frase escutei, quando liguei a TV, era um depoimento de um pai que perdeu um filho, "quando se perde um pai ou uma mãe ficamos órfãos, quando perdemos o marido, ficamos viúva ou se perde a esposa, fica-se viúvo, mas quando um pai perde um filho ou uma filha, não há nome para isto", é dor profunda, é padecer no infinito, e Deus, o nosso Pai enviou Seu Único Filho, para quê pudéssemos ter vida eterna, esse foi o gesto mais bonito, foi para quê toda a humanidade pudesse ter no Filho, a verdadeira vida, o infinito.


Tânia Rocha (Para seu próximo livro O Doce Amargo)