terça-feira, dezembro 06, 2005

O Doce Amargo...






Para viver um grande amor é preciso coragem de assumir os riscos, é preciso saber provar o doce e ver o lado bom do absinto, do amargo, do fel. É preciso controlar os instintos e deixar que o tempo fale por nós. A paixão é fogo curto, o amor é uma chama acesa que ultrapassa os anos e nos leva a verdadeira beleza de nos moldar junto com o outro, mesmo em espaços diferentes, mesmo tendo o corpo ausente, até que duas almas aceitem que se precisam e que existe uma missão que vai além do egoísmo de viver um para o outro.


Quando o verbo amar for conjugado pela humanidade de uma forma ágape, ou seja , quando aceitarmos que não somos só matéria, mas também espírito, veremos que o amor não é uma simples necessidade de viver momentos lindos, prazerosos, mas acima de tudo é uma forma de dividir com o outro nossas alegrias, dores, sonhos e projetos e aceitar as diferenças de uma vida a dois.


Quando sofre uma vez, duas , três por amor, paixão, o psicológico cria uma barreira e muitos temem a rejeição. A necessidade de amar se esbarra no medo de viver a coisa e ser rejeitado depois. E da mesma maneira que abrigamos uma sede imensa de amar , trazemos cativo o medo de amar e não ser correspondido a altura. Os corajosos se entregam, sabem que se machucam, mas não deixam de acreditar que o amor é a mais nobre das lições e o mais delicado dos dons. Amar não é um sentimento, você decide amar por princípios divinos, este é o amor que resiste aos anos, independe de classe social, de bonança ou de escassez, independe de raça, poder aquisitivo, enfim. Dois mundos diferentes se encontram e se atraem, o tempo os leva a juntar os pedaços que sobraram de duas vidas que são aperfeiçoadas a cada momento em plena liberdade , sem exigências ,simplesmente, aceitam o presente divino do amor.


A covardia não permanece no coração disposto a amar, verdadeiramente, o verdadeiro amor lança fora o medo e aceita o outro com seu lado doce e amargo. O amor não é uma vela no meio da chuva que se apaga com simples pingos d’água, o amor é uma experiência divina que se fortalece a cada dia com as provas do caminho. Aceitar as várias estações do amor....a primavera dos anos, onde tudo é novo e surpreendente, o verão dos momentos, o calor humano, o inverno onde tudo parece ruir, se esvair, ir .... e finalmente a estação do outono onde damos os mais lindos frutos e influenciamos o mundo que nos cerca a amar de verdade e acreditar que vale apena viver o doce amargo do amor...


Um grande amor acontece sem que percebamos no início que já era amor. Surge uma atração, uma amizade, uma implicação, uma saudade, uma barreira, uma ansiedade, um choro, uma ausência, músicas pra lembrar, algo para rir, encontros e desencontros no trânsito, no ar, na rua, na praia, no mar da vida, nos debates, nos embates, aí você percebe que não é acaso....nenhuma folha cae em vão, e ninguém cruza, frequentemente, os teus passos por engano ou coincidência. O amor chega e não pede licença e insiste em ficar, apesar das fugas de quem vive entre o doce amargo com medo de amar.

Tânia Rocha
Jornalista ( Para o próximo livro o Doce-Amargo. Autora dos livros Imaginação a Solta e Verbo Amar e do cd de poesias musicadas Verbo Amar.
taniaverboamar@ig.com.br. Visitem meu blog:www.taniaverboamar.blogspot.com